Sigo agora.

Eu te segurei até a corda quase soltar. Te segurei com sangue nas mãos, querendo apenas que você me enxergasse ali, tentando, querendo, pedindo aos céus pra que a gente não virasse passado. O apego é assim, engraçado, ele te faz desejar o que mais te machuca. Minha alma resiliente quis ir até o final, quis pagar pra ver, até que a sua indiferença foi demais, e se tem algo que aprendi, é que não adianta lutar lutas vazias. Escolha suas batalhas com cuidado, é isso. E eu escolho te deixar ir. Deixo aqui tudo que tivemos, se é que tivemos, pois segurando tudo isso eu não conseguiria seguir. Sigo agora com meu coração maltratado, mas vazio. Sigo agora não querendo lembrar de tudo que foi bom, pois isso me faria  querer carregar aquela mala das lembranças novamente, e já não dá. Existem limites, mesmo para mim. Sigo agora disposta a deixar tudo isso ai, em uma cidade qualquer, em uma casa qualquer, com pessoas qualqueres ou qualquer coisa assim, e ir. É triste dizer mas você só existiu para mim, assim como todo o resto, mais triste ainda é que eu tenha que apagar tudo que fomos. Mas é isso. E sabe, foi amor. Desde o primeiro oi, até esse fim triste e sufocante. E sabe, amor não deixa de ser. Apenas é.

Karoline Amorim